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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fiúra (elegia ao norte da ilha do Sal)


A Fiura que tantos ecos produz
é um templo de vozes E pilares ondulantes
de troncos que amparam seus rumores
tão profundo como oboés doces E verdejantes
um universo de calhaus enraizados E rítmicos
joeira de rochas pensativas

Fiura é uma mistura de azul E negro
a eloquência do mar E da terra
a poesia em estado selvagem
caudais de lágrimas ondulantes
dos que no mergulho eterno ficaram por lá
atraídos pelo seu beijo de estrema unção

a Fiura de delírios vesperais
guarda o segredo de cigarras que explodem
veste-se do carbono vulcânico
de lavas, de restos de um barco
na feiura da Fiura radiosa

o norte da ilha
é um pedaço da lua que caiu na terra!


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Então, diz-me se sabes…

Sabes
da poesia que te sufoca enquanto dormes
das palavras turvas E causticantes
Sabes
de espelhos LEDs
que se ligam à alma
da tinta de sangue autografada
em sinais fechados E lagos poeirentos…?

Sabes
por que os trilhos prosaicos
de loucomotivos se esvaem ao amanhecer
por que raia a sombra sonora dos teus olhos
enquanto escrevo a seiva neruda
remoinho de versos que pulsam
como se te amasse de verdade…?

Então, diz-me se sabes…



Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta