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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

VINTE E TRÊS




















Aquele vidro embaciado pela chuva
que caía dos olhos
já nem me lembro se doeu
mas guardo aquele estrondo
a esfera, o botão de paris
da hora esquecida 
em que a lámina traçou o rio vermelho
como o nilo E o tamisa
que nascem no meu rosto
E desaguam no teu ventre

dizem que é amor
a luz que acendeu
geometricamente
atravessando o corredor dos sentidos
como bandeiras agitadas pelo suspiro dos beijos
dos dois corpos hemisféricos
dois terços de mim é água
E o outro terço se afoga
em conjecturas
buscando o sentido da chuva ridente
das algas submersas ao sol azedado.





















quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

mentiras


Este não é meu jeito de estar na vida.
Se alguma vez me vinguei das tuas mentiras
Se joguei as pérolas aos porcos 
Se cavei abismo no teu rosto sândalo
Confesso, foi por sentir meu império a ruir

Dói-me a consciência de ter caído no teu jogo 
odeio assumir que te amei mais do que a mim mesmo
Escrevi poemas no livor da tua alma
Nos teus seios movediços deflagrei-me 
Vivi milenárias aventuras ao teu lado 
E mesmo assim, nunca te conheci.

Meu coração é lava estarrecida
um jazigo de mágoas plantadas
Por uma víbora que se esfumou na esquina…



Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta