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terça-feira, 30 de outubro de 2012

ÀS VEZES




Às vezes

Às vezes o que eu quero
é apenas um sinal que me buscas
uma mãozinha de nuvem
o teu meigo olhar insinuante
que me amas!

Não sou exigente no amor
posso dispensar o bolo mas nunca a cereja
não trocando por nada
 o pôr-do-sol dos teus lábios
o abismo que une as tuas nádegas
verdejantes E húmidas colinas  
que envaidecem o teu corpo de mulher
as algas que crescem no teu riso
o teu cabelo molhado voando na têmpera

mulher que me encolhe no olhar
que me fere de amor E me cura com beijos selvagens
com apenas um sinal faz das lágrimas ronceiras
gotas de vinho que adoçam o desejo
de te amar para sempre!




domingo, 23 de setembro de 2012








Espargos de Mim

Pensamentos estendidos ao sol
segredos que se bronzeiam espalmados
nuvens azuis de incenso
estrelas avinhadas que se madrugam pelas ruas

Espargos, minha cidade é cinderella sorrindo
cidade do sol E do vento, arengada de suor
vozes, folhas de acácia, terra dourada
aqui as nuvens são caravelas de sonhos
singramos o infinito, velejamos sobre lágrimas



Não tenho certeza de que é feito Espargos.
Talvez de gemidos dos que trabalham a terra
talvez dos que edificam torres, asfaltos, poemas de orvalho
cidade com apenas um seio
que é mágico E é morro-curral!


Aqui os diamantes são os olhos que passam por mim
mulher que eu amo, revoada de anjos
aqui a melódica serenata vem dos pássaros de aço
em grandes voos que nos fazem sonhar

Espargos de versos ressequidos, do verde ausente
mas carregada de azul do mar E do céu
autêntica E única! Cidade divina!
Aqui os rios são veias de sangue
Aqui a riqueza é vontade de viver
Aqui o suor é a aroma do mar
Espargos de mim, saudade sem fim!




segunda-feira, 30 de julho de 2012

Tarde de Novembro




O sol não entardeceu naquele dia
ninguém passou por nós E cumprimentou
ninguém perguntou nada
sobre as enguias de luzes na fímbria do mar
dos aneis dourados de silêncio
como pássaros que voam em circulo


Estávamos juntos
construindo o Novembro com as pedras de um rio
juntos ao desembarcadouro da solidão
no cais de Palmeira coroada de terra até à raiz


dormimos juntos após o suor do fogo dos nossos abraços
entrelaçados na selva dos nossos desejos
E deste-me do teu vinho nas tuas mãos em conchas
E fizemos das sombras crepúsculares
das algas E de beijos como névoas ritmadas
velas que adejam as estrelas.
Isto escurece porque te amo
E a única luz que prevalece vem dos teus olhos



Ninguém disse nada
porque o mundo era  apenas tu E eu
navegámos sem destino E o cais entristeceu
E eu te amo em girândulas de sonho!

29 de Julho de 2012




quarta-feira, 11 de julho de 2012




O que te sobra?

O que te sobra da tua ira?
orgulho ferido
bocados de ti que morrem
uma rosa ressequida
um amor asfixiado pelo rancor


abre a janela E deixa entrar os raios do sol
que te sorri com a brisa suave
E te rodeia com meus braços de lavrador
terrosos E húmidos braços de quem te ama.


Traz de volta aquele suave  sorriso
que acende a primavera
E faz das lágrimas recifes de corais argilosos
ancinhos dourados com sabor dos teus beijos


há que abrir os olhos E amar a vida
moldar a alma como um barro precioso
hás de ser a artesã do teu destino
porque os dias agridoces
são laranjas por expremer
E passo a passo construiremos a felicidade.

segunda-feira, 19 de março de 2012

DIZEM




DIZEM

Dizem que depois da chuva torrencial vem a bonança
Mas o que vale a bonança quando os sonhos são destruídos?
Dizem que após o negro manto E a fase lunar
Nasce o dia com o cantar dos pássaros
Mas o que vale tudo isso quando perdemos quem amamos?

A chuva pode até fazer florir as rosas
Mas não traz de volta a semente que apodreceu

Desculpem-me se sou mal agradecido
Pelo dia de ontem que perdi meu grande amor
Me perdoem pelas lágrimas de desânimo
Porque não sei fingir E este caminho não tem retorno

Tudo que colhi na vida é nada
Comparado com a minha angústia


Fingir que tudo passa é adiar a dor que me sufoca
Dar sentido à vida é reconhecer que sou um verme
Esmagado pela minha própria existência

Abençoada seja a morte que me reduz ao pó.




terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Apedrejar-me




A mentira
dói no fundo da alma


panteísmo de luzes
veias em espasmos
cérebro em serenata de guizos


a mentira acende-se
como o fogo de enxofre




Se te faz bem
apedrejar-me
fá-lo em grande estilo

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

QUE SE CHAMA SAUDADE









Chove muito forte
Toda a correnteza que se arrasta
tem a luz da minh´alma afogada

São horas que não se contam
hordas que se acotovelam
na orla dos meus olhos

E na chuva que cai
meu orgulho que se esvai
meus lábios que singram a linha do Equador
capturando as pérolas que compoem a luz do sol
Para aliviar a minha dor
dos meus dias atormentados
pela ausência de quem amo

A chuva que cai
Bate em desassossego, sorri amargamente
Lê em voz alta meus pensamentos
Poe sal nos doces momentos de prazer
Bate forte no chão da minh`alma
E cai de mim como chuva
Toda a lágrima
que apaga a tela dos desejos
Nascendo em mim
um oceano que se chama SAUDADE






domingo, 15 de janeiro de 2012

QUE SEJA POR UM ANJO!


Da próxima vez que eu me apaixonar
que seja por um anjo



Os anjos querem o nosso amor
E em troca nos protegem
não nos pedem conta dos nossos erros
simplesmente nos compreendem



os anjos não perguntam para onde vamos
simplesmente nos seguem
com as asas estendidas buscando a nossa protecção


pacientemente, enxugam as nossas lágrimas
                       ensinam-nos a caminhar
                       ajudam-nos a levantar quando caímos
                       E nos lembram que o amor não vem do coração mas da alma





Quero apaixonar-me por um anjo!
que o meu lar seja à sombra das suas asas
que o nosso diálogo seja em silêncio
no palpitar do coração
no olhar entrecruzado



- Dizer que te amo, anjo
entre nuvens num abraço de sonhos
- Dizer que te amo, anjo
construindo o amor em cada passo!



Da próxima vez que eu me apaixonar
que seja por um anjo!



segunda-feira, 9 de janeiro de 2012




EMPRESTA-ME

Empresta-me o teu ombro
para descansar
as minhas mágoas

empresta-me
a tua compreensão
para despejar a minha frustração

empresta-me
a tua atenção
porque as minhas lágrimas
não são de hoje

Pudera eu não ter acordado hoje
nascido fora do prazo
esquecer processos
das páginas do dia chuvoso
das caudas de todas as estrelas cadentes
dos seixos da falsa-fé
de um sol azul enviesado
Mas não me vejo em outras órbitas
que não seja a dor

Empresta-me o teu ombro
- qualquer coisa sólida
para me suster deste abismo
cavado na minha memória
deste avalanche
de sonhos em declínios
das sombras de todos os dias

empresta-me a tua alma
para aliviar o meu desgosto




Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta