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domingo, 14 de abril de 2013

O menino que atirava pedras

Quando eu era criança
atirava pedras que se transformavam em flores
em pleno voo
pedras que musicavam poemas
da terra-boa escalavrada

eu espalhava pedras desenhando quarteis
tesouros, paiol de rosas E açucenas
rendilhadas a ouro
ideograma de pedras rubicundas
substanciadas em romarias
pedras do menino fazendo arte
um horto de alma, um porto de calma

envelheci com o tempo
meus irmãos perderam-se em aventuras
o mundo continua em voltas tresloucadas E decadentes
mas as pedras incólumes
ainda lá estão E guardam a imagem
do menino que atirava pedras.

Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta