Páginas

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


 OUTUBRÂNCIA DE PÉTALAS


A outubrância de pétalas,
O sabor terroso das minhas insípidas lágrimas,
A triste dor que dilacera o coração,

as teias do Outono alaranjado,
a ponte que rouba a luz dos meus sentidos
o veneno milagroso que amacia a madrugada
o segredo que escorre dos olhos de quem amo
a chuva que repassa os gânglios do telhado
os versos debruados em rochedos requebrados
outubro-me para aliviar a dor

Prensado entre o sol E a lua
besuntado de cinza E desafectos
acastelando sonhos arenosos
que tomam de assalto os meus sentidos

Neste Outubro afunilado
pediram-me para ser
o príncipe da terra santa
mas prefiro ser folha seca de Outono
navegando ao sabor do vento
ao avesso das girândolas luminosas
deste vida que é efémera E vazia.



domingo, 6 de outubro de 2013

Mágoas


O que mais plantei na vida
foram lágrimas
adubando a terra
onde me sepulto ao pôr do sol

guardo as minhas mágoas
porque ninguém as quer

Mágoas de me ver
coração extenso de abismos
sonhos inacabados, gestos adiados

em todas as esquinas de mim
o sol é uma lua de Inverno
o azul do céu é luto nos rostos
que se cruzam comigo
no tabuleiro da vida

Mágoas que sinto
góticas açucenas
que ensombram a minha memória
respigando cinzas na minh`alma

mágoas de me ver
na alma dos pobres
no olhar agastado do velho tísico
dos jornais ensanguentados

a dor enche-me de mágoas
as mágoas enchem-me de lágrimas
que se misturam com a terra
onde me apago ao pôr-do-sol.



Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta