Estávamos sós.
A madrugada uniu os
nossos corpos
o amor uniu os nossos
lábios
os
eternos momentos que vivemos
eram
gotas de ouro bordejadas de suor
a tua
voz eram reguengos de luzes
ténues
véus de júbilo que atiçavam meu desejo
de te
amar, de te beijar
de me sentir dentro de ti
de me sentir dentro de ti
Estávamos
sós.
Discutimos
aleivosamente
trazendo
à memória as nossas fraquezas
coroando
de raiva o nosso ciúme
incendiámos
a floresta encantada
infernizámos
o paraíso
E, até
hoje, vivemos caídos na solidão
Continuamos
sós.
Presos
ao corrosivo orgulho que nos esmaga
curtimos
a mágoa de sermos inquebráveis
enfraquecidos
E sucumbidos à nauseante vaidade
de não
voltar atrás
envelhecidos
despedaçados
despedaçados
atropelados
pelo ódio de não querer o que mais amamos!
pelo ódio de não querer o que mais amamos!
Fevereiro,
2013