O menino que atirava pedras
Quando eu era criança
atirava pedras que se transformavam em flores
em pleno voo
pedras que musicavam poemas
da terra-boa escalavrada
eu espalhava pedras desenhando quarteis
tesouros, paiol de rosas E açucenas
rendilhadas a ouro
ideograma de pedras rubicundas
substanciadas em romarias
pedras do menino fazendo arte
um horto de alma, um porto de calma
envelheci
com o tempo
meus
irmãos perderam-se em aventuras
o
mundo continua em voltas tresloucadas E decadentes
mas
as pedras incólumes
ainda
lá estão E guardam a imagem
do
menino que atirava pedras.