OUTUBRÂNCIA DE PÉTALAS
A outubrância de pétalas,
O sabor terroso das minhas insípidas lágrimas,
A triste dor que dilacera o coração,
as teias do Outono alaranjado,
a ponte que rouba a luz dos meus sentidos
o veneno milagroso que amacia a madrugada
o segredo que escorre dos olhos de quem amo
a chuva que repassa os gânglios do telhado
os versos debruados em rochedos requebrados
outubro-me para aliviar a dor
Prensado entre o sol E a lua
besuntado de cinza E desafectos
acastelando sonhos arenosos
que tomam de assalto os meus sentidos
Neste Outubro afunilado
pediram-me para ser
o príncipe da terra santa
mas prefiro ser folha seca de Outono
navegando ao sabor do vento
ao avesso das girândolas luminosas
deste vida que é efémera E vazia.