Ao pé de uma amendoeira
passei por mim
ocasionalmente
tracejando no ar
a nua saudade dos belos tempos
em que subia às árvores corcundas
castigadas pelo vento
uma amendoeira
de um verde brutal
ao pé de um lago seco
onde enterrei a minha pressa
No ramo de cima
numa conversa entretida
um pássaro recorda os seus dias
num trinar de flauta embriagada
borbulhas que voejam
à minha volta dos cinco anos
contando lagartas coloridas
tristes E vagarosas
esperando o dia de anjo
em que as asas se abrem
as folhas das amendoeiras caem
sorvendo o sal do meu rosto
Cada folha que cai
faz cair um sonho meu
mas sem nunca perturbar
a criança que há dentro de mim
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