Páginas

segunda-feira, 22 de março de 2010

Trivialidades

Ao pé de uma amendoeira
passei por mim
ocasionalmente
tracejando no ar
a nua saudade dos belos tempos
em que subia às árvores corcundas
castigadas pelo vento

uma amendoeira
de um verde brutal
ao pé de um lago seco
onde enterrei a minha pressa

No ramo de cima
numa conversa entretida
um pássaro recorda os seus dias
num trinar de flauta embriagada
borbulhas que voejam
à minha volta dos cinco anos
contando lagartas coloridas
tristes E vagarosas
esperando o dia de anjo
em que as asas se abrem

as folhas das amendoeiras caem
sorvendo o sal do meu rosto
Cada folha que cai
faz cair um sonho meu
mas sem nunca perturbar
a criança que há dentro de mim

Sem comentários:

Enviar um comentário

Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta