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segunda-feira, 22 de março de 2010

A vida no intimo do ser

I
Tudo o que eu quis
era estar na solidão dos outros
acampar as fragas de outro ser
que fosse apenas uma curva

tudo o que eu quis
só existe dentro de mim
por mim E mais ninguém
fragmentos de átomos azuis
que caem dos meus olhos

Sou apenas o espectro de outro ser
fiapos de nuvens de mim


fui plantado em terra húmida
com barro E sangue
musgos E mágoas
de monstros açucenas
em todas as paragens da vivência
sorvendo o gosto salgado do mel
que escorre dos olhos da vida

a solidão é apenas
o adubo das minhas raízes
A morte é um orvalho
de Outonos em intervalos
dos pequenos pontos do i

Gasto horas nas vertentes
vendo a vida a passar de tabuletas
enchendo o meu fosso de lembranças
que passam por mim
deixando peugadas no meu cérebro


II
A vida dos homens é erigir cruzes
criar estrelas em hiroxima
feiras de dentaduras
pequenos eus em outros eus


III

Vejo E velejo
veleiros em fila
subindo ondas que o mar inventa
a distribuir fados

Porque não leram as vítimas da guerra?
Porque não plantaram árvores
na alma do homem?

Na minha mesa
há uma ribeira endoidecida
deslizando dos meus olhos
dividindo as colinas
do meu rosto estatuado

Desde sempre que não me vejo
Meio dia nos meus olhos
meia noite na minha alma
horas mortas dos meus sentido
Cais azulejo meus impulsos
mágoas apócrifas

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Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta