quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Transformismo
Narciso
de instantes a ouro
espelhos de água
que se transforma em lodos
nas cidades orvalhadas de sangue
todos os caminhos
desdobram-se em mutações
leões em plantas
aves em rochas porosas
estrelas em chuvas incadescentes
danças em epilepsias ritmadas
o longe está tão perto
quanto os campos em toda a árvore
os silos são homens adormecidos
carrocéis amotinados
transformam-se
transferem-se
deportam-se no tempo
em grandes livros negrereiros
traços voam nas horas pendidas
gomas de sol vagarosas
lençóis de abril
embandeirados
transformismos de uma vida
para outra
entorpecida
de gazes E ópios aquiescidos
dói-me o lado direito
pela (r)evolução vermelha
por todos os discursos malogrados
que hoje são ciprestes
de histórias por contar
há olhos perdidos por todo o lado
risadas que não foram dadas
no rebuliço dos carros
no tropel dos cascos de homens
condecorados pela súbita mutação
da alma partida ao meio
- deixem crescer
as flores azuis
no canto dos olhos molhados
deixem-me amar
em linha recta...
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Poemas inéditos
a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta
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