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sexta-feira, 1 de outubro de 2010







Trinta E Dois

Meus olhos em quarto minguante
no silêncio vivo
arquétipos nebulosas
que se levantam
violentamente
no meu cérebro capitulado

alguns milhões de estrelas
escondidas
na plácida retina dos meus olhos
defeituosamente lavrada
breves
dão-me conta
que sou ainda criança
apesar dos meus trinta E dois
verões estarrecidos

trinta E dois
dezembros enxertados
de foguetes E silêncios
de lágrimas E inquietações
de certezas E indefinições
sulcando a terra com raízes na mente
de poemas E grinaldas de espinhos

trinta E dois
de uma vida que eu amo de paixão
de um país que ajudei a construir
de marias palpitando os meus lábios

trinta E dois anos
que foram séculos em agonia
instantes a vapor

continuo jogando meu xadrez
colocando as pedras firmemente
tenho nas mãos o rei E a torre
talvez ganhe mais trinta E dois
a dobrar
à risca
(perdendo sempre o último lance)

escrevo a vida
à beira da estrada
luto com as palavras
na plenitude das coisas incertas

trinta E duas cabeças flutuando
trinta E dois golpes mortais
geisers de insanidade
E muito júbilo
por ter chegado até aqui!

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Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta