terça-feira, 30 de novembro de 2010
Mesa de Cedro
Mesa de Cedro
Na mesa de cedro
a poeira declama a suave poesia na brisa
do telhado esburacado
um ballet perfeito de cinzas douradas
ao som da flauta do vento
na mesa de cedro
os sonhos são filmes que passam
desenhando nela
barcos à vela
sonhos de cinderella
a mesa de cedro lê os lábios esquivos
dos que sentaram nela
E pintaram de preto
o fundo das chávenas
uma velha mesa de cedro
num canto esquecido
relembra as finas botas cheirando a graxa
as conversas à toa
as mãos gordurosas
suspiros apaixonados
ferros velhos, cacos de vidro
a mandria do barman
as obscenidades do freguês
a mija do gato arrepiado
mesa de cedro
velha de cedro E lustro
manqueja com a brisa
E ri dos que a desprezam
o cedro não envelhece
os olhos é que perdem o brilho
das coisas que amaram no passado
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Não sou poeta
Eu? Poeta?
Os meus versos só terão sentido
Quando seres superiores como tu
Ninfas inspiradoras se cruzam com meu destino
Ser poeta?
Não sou,
Apenas escrevo loucuras que o teu espírito emana
Corro atrás de palavras
Tropeço em versos E nascem poemas
Caminho nas nuvens, falo de incertezas
Cerzindo flores E lágrimas
enxertando idéias E grafias
que teus lábios me segredam
que o teu corpo escultural me ensina
Eu? Poeta?
Só enquanto existires na minha vida!
Adirena-me de amor
Os meus versos só terão sentido
Quando seres superiores como tu
Ninfas inspiradoras se cruzam com meu destino
Ser poeta?
Não sou,
Apenas escrevo loucuras que o teu espírito emana
Corro atrás de palavras
Tropeço em versos E nascem poemas
Caminho nas nuvens, falo de incertezas
Cerzindo flores E lágrimas
enxertando idéias E grafias
que teus lábios me segredam
que o teu corpo escultural me ensina
Eu? Poeta?
Só enquanto existires na minha vida!
Adirena-me de amor
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Da poesia
Da poesia
A poesia nasce nos finíssimos raios do sol
Na fímbria do mar E nas palavras ao vento
Navega em folhas de acácias E no azul do céu
Cresce como as raízes da terra lacrimejante
Ganha força nos olhares orvalhados
E como um rio corre entre os vales
E na força de um vulcão que se explode
Invade todos os cantos de um ser
A poesia é a vida em espiral de luzes
São resquícios de um passado que nos atormenta nas lembranças
Dos beijos não contados, dos beijos não recebidos
São as árvores ressequidas do nordeste
Todos os montes despidos da minha terra
São canções adormecidas, manchas coloridas de borboletas
É a minha ilha em clave de sol
É quem amo no interior das palavras
Se me vires deitado no chão
Já velho E alquebrado
Não chores meu estado deplorável
Que minha alma alimentada pela poesia
será sempre um eterno canto juvenil!
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A Meio Do Céu
A Meio Do Céu
A meio do céu
a minúcia de um pasto
arqueado de cabras em alabastro
cinzas douradas de um verde em desmaio
águas em silêncio
na folhagem do sol embriagado
pelo som das cigarras mudas
na fímbria da linguagem evaporada
não há mais campos verdes
nem terras lúcidas de pastagens
apenas ossos emplastrados
da chuva crestada na ausência
E cabras mortas de erva E gemidos
pastores sentados
em pedras aurindo o sol
em pérfidas ilusões
a meio do céu
um dedo de terra
chora a muralha caída
pela ferida
nos ombros da nuvem débil
enterra nos olhos
do pastor de cabras
caminho de cabras
E de gentes com fome
um silêncio erguido aos gritos
enxugando as feridas da alma
um cone em cego sacrifício
rápido E sonolento
numa veia oblíqua
do pó da terra paginada
junto aos sinais de um lábio à vela
em outros mares
que passam deslumbrados
na areia ritmada
de ilhas agonizadas
em pequeno repouso da festa no seio
de ver a terra em verdes pastos
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Para Selar O Nosso Amor
Para Selar O Nosso Amor
Trouxe-te um búzio
para ouvires o lamento do oceano
trouxe-te um beijo em claro castelo de areia
cinzelado na praia pela brisa
trouxe-te um coral de cerejas do mar
recônditos da minha alma em dilúvio
minhas queixas, minhas incertezas
relâmpagos mourejados
de ti não quero nada que não seja o teu amor
para te sugar sequiosamente entre os dedos
para te devorar selvaticamente entre os meus labios
para te possuir desalmadamente entre os braços
para te consumir ópio da minha ilusão
para selar o nosso amor
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
A Tua Voz
A Tua Voz
Fala-me sempre, meu amor
porque a tua voz é cântico para meus ouvidos.
Fala-me sempre!
A tua voz é suave como a brisa da primavera.
Ela me conforta E me acaricia
um sussurro de amor presente, quente
que me endoidece.
A tua voz mexe com o meu coração
faz cócegas aos meus ouvidos
enche-me de ideias
tira-me a razão
meu desejo é morrer nos teus lábios de mel
que a tua voz adoça
Presença marcante, tua voz me embala
A tua voz me enfeitiça E me prende!
A minha sede de paixão morre nos teus lábios.
INAURINDA-ME DE AMOR
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Ouvi Dizer Que Vais Partir
Ouvi dizer que vais partir E levas o sol
levas as ondas do mar nos teus olhos
a alegria do meu bairro
levas meu coração concha univalve
recipiendário das minhas mágoas
quando fores
o tempo há-de morrer no cais
o azul do céu cairá em prantos
meus sonhos inacabados adormecerão profundamente
meu castelo de sonhos ao teu lado cairá pesadamente.
Porque não falas no regresso?
Porque não deixas endereço?
Na tua ausência
buscar-te-ei endoidecido
colocarei anúncios nos jornais
retornarei à loucura
de te procurar em todas as esquinas E bares
E senão te encontrar
afogarei o meu viver
no oceano de dor que circunda a minha alma
deixarei os corvos banquetearem com a minha carne
molharei a terra com meu sangue
porque sem ti não sou ninguém
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
regresso
regresso
Este aperto na alma,
esta angústia prensada nas vincos do meu rosto,
esse terror que cresce com o aproximar da noite
este medo do novo amanhecer
De não acertar o alvo
De perder tudo o que amei
Faz doer todo o meu ser
Refugio-me em labirínticas recordações adolescentes
E caio em prantos E contemplo meu desassego
Na histérica dolência do infinito
Estou farto de sinos retumbantes
Das luzes efémeras, das novelas rosadas
Dos aplausos furibundos E continuar de alma vazia
Preciso esculpir qualquer coisa
Alguma imagem que devolva a minha fé
Um altar de sacrifício onde possa renascer a esprança
Preciso voltar para mim mesmo!
Sonhos d’Alma
Sonhos d’Alma
Quero as nuvens não contadas
do entardecer nos teus seios de alabastro
quero o rumor da ilusão
de quem te quis E não é feliz
Quero a poesia toda ao meu lado
ao confessar que te amo
quero a euforia de um violão em serenata
ao te cobrir de beijos
quero-te acorrentada
na demência dos meus sonhos
quero-te
estrela de ónix
pôr-do-sol nos teus lábios
Murdeira oleada
uma girândola de sois na tua cintura
meu coração em festa
pelo amor esculpido nos teus olhos
por te amar para sempre
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Se Quiseres
Saudade
Saudade
Da varanda do primeiro andar
frente ao sol em declínio
bem perto do mar
veio a saudade
falar-me de amor
na sedenta redenção dos meus sonhos
procurei-te na minha memória
ante-câmara de relíquias E tristezas
portão de olhos
cascatas de lágrimas
saudade!
não sei o que é isso
qualquer coisa que dói
pão apetecido
fósseis da alma
procuro-te dentro de mim
E encontro-me dentro de ti
as nossas lembranças
serão sempre desencontros
enquanto estiveres longe
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Cais de Pedra
Cais de Pedra
Quando contruí meu cais de pedra
pensava no mar de outros mundos
onde eu navegaria os poentes de improviso
entre o orfeão de ondas
baunilhas de espuma
em busca do meu mundo perdido
no meu cais de pedra
atracam barcos em refrão
com nomes distorcidos
pelas calemas dos meus olhos
vejo o Silêncio a navegar
nas noites de insónia arpoando as minhas pálpebras
estivo a Solidão com braços de estivador
vejo afundar os Sonhos da minha infância
vejo partir quem mais amei
tornando-me refém do meu Destino
no meu cais de pedra
outros sonhos virão
Olhos de luz
Olhos de luz
Um quarto arejado
paredes em relva
execráveis
uma mesa, um planície de rendas
horizontes oblíquos
sorvo a escuridão num trago
violento
um quarto inclinado
no silêncio da alma
nos olhos de luz
um quarto
de átomos do meu corpo
grudados em intervalos
Quem eu amo
em cubos arredendados
no vértice da abóboda distorcida
palavras polaridas
como gostaria de estar dentro de mim
quando fecho a porta do quarto
E levar-me para fora
para junto de quem amo
A minha cama é um vale
que ondula
nos lençóis de água
do meu quarto de tempo
o meu quarto
um quarto de mim
em quarto crescente
na terra poída do meu rosto
não consigo viver longe de mim
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Poemas inéditos
a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta