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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Meio Do Céu








A Meio Do Céu

A meio do céu
a minúcia de um pasto
arqueado de cabras em alabastro
cinzas douradas de um verde em desmaio
águas em silêncio
na folhagem do sol embriagado
pelo som das cigarras mudas
na fímbria da linguagem evaporada

não há mais campos verdes
nem terras lúcidas de pastagens
apenas ossos emplastrados
da chuva crestada na ausência
E cabras mortas de erva E gemidos
pastores sentados
em pedras aurindo o sol
em pérfidas ilusões

a meio do céu
um dedo de terra
chora a muralha caída
pela ferida
nos ombros da nuvem débil
enterra nos olhos
do pastor de cabras

caminho de cabras
E de gentes com fome
um silêncio erguido aos gritos
enxugando as feridas da alma

um cone em cego sacrifício
rápido E sonolento
numa veia oblíqua
do pó da terra paginada
junto aos sinais de um lábio à vela
em outros mares
que passam deslumbrados
na areia ritmada
de ilhas agonizadas
em pequeno repouso da festa no seio
de ver a terra em verdes pastos

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Poemas inéditos

a poesia escreve-se com letras conjugadas mas o bom da poesia está nos olhos de quem a interpreta